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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

POR QUE TEMOS QUE SER FEIOS OU BONITOS?

Alexandre Ferreira


Quem ama o feio, bonito lhe parece!
Você já deve ter ouvido essa expressão alguma dezena de vezes na sua vida.
Afinal, quase todo mundo já a ouviu. Se não, é de se notar que você possa ter uma entre essas duas certezas: ou você é alguém muito bonito e, naturalmente, escolheu muito bem os seus pares; ou talvez, seja apenas horrível e os belos não te são atraentes.
E cá entre nós, não pense também que todo mundo só gosta de gente bonita ao seu redor. Há quem prefira gente daquele tipo que não têm características físicas destacadas. Estes também são normais, quase asseguro.
Inevitavelmente, caso você seja alguém dotado das tais características destacadas e já tenha gostado de outrem popularmente desprovido de beleza, ouviu, e receio que muitas vezes, de familiares, quiçá até de amigos, aquela frase batida e extremamente deselegante: “Você acha mesmo que essa pessoa serve para você?”. De outro modo, em alguma outra ótica menos favorável, você talvez seja alguém popularmente horrível e tenha se aventurado em se relacionar com outra pessoa reconhecidamente bela. Nesse segundo caso, a máxima, de forma análoga, também se aplicou em algum momento a você.
Aliás, que me desculpem os feios, mas beleza é fundamental! E que me desculpe também Vinícius de Moraes por estragar sua frase feita, a encaixando onde não cabe


Em tempo, a despeito das prolixas e entediantes considerações iniciais - sobre as quais peço desculpas - a única verdade sobre essas abordagens populares do aspecto físico das pessoas é tão óbvia quanto certa e repousa na ideia de que somos todos muito diversos, primatas tão absurdamente mais evoluídos que os outros animais, até mesmo do que os Ramapitthecus, primeiros primatas catalogados na Terra. Somos o que há de mais nobre biomorfologicamente na natureza: hominídeos com rostos e corpos extremamente diferentes, já agora antropoides, ou seja, sem aquela cauda nada atraente dos primatas iniciais, temos alturas muito variadas, cores e formatos complexos, mas que também somos seres que, de forma bastante ingrata com a racionalidade e o aumento gradativo do cérebro nos hominídeos, optamos por estar aliados a um determinado sistema de beleza, e este, inadvertidamente, para piorar, varia demasiado de um lugar para o outro do mundo, assumindo inúmeras variáveis indecifráveis e novos padrões, de acordo com a nossa adaptação ao ambiente.

Enfim, esses somos nós: os que decidimos que algo deve nos agradar visualmente. Assim, o homem brasileiro gosta de mulheres mais curvilíneas, o americano já prefere magras com seios fartos, nórdicos se encantam pelas longilíneas, e por aí vai.
Mas quem tem culpa nisso tudo?
A resposta é curiosamente muito mais simples do que pode parecer: mutação genética. Sim, aquelas mesmas que deram origem aos XMEN, mas que infelizmente, em nós, ao contrário do que se viu nos filmes da série, só foram capazes de mudar aspectos físicos. As vulgarmente conhecidas falhas no código genético de um indivíduo ou grupo que dão origem a novas características específicas e que podem ou não ser adquiridas para as gerações seguintes quando benéficas à espécie, em função de uma coisa chamada de seleção natural. A extraordinária seleção natural, tão bem descrita por Charles Darwin em seu tratado científico que visava a explicar a adaptação e a especialização dos seres vivos ao seu ambiente, mediante a sua constante evolução.
Imagine você que somos tão intuitivamente inteligentes a ponto de que em uma região onde os fisicamente grandes sejam beneficiados, as mulheres do grupo prefiram se reproduzir com esses homens maiores, de modo a propagar os genes daquelas alturas privilegiadas para as gerações seguintes, o que aumentará gradativamente a população de pessoas altas com o passar dos anos. Autoproteção natural e inevitável da espécie. Por que você acha que os nórdicos são maiores que os sul-americanos? Logicamente, os tempos atuais mudaram em certa medida a nossa concepção de mundo e, atualmente, essas escolhas têm levado em consideração um sem-número de outros critérios, todavia, em alguma época passada a seleção natural significou muito para a continuação da espécie.
Por exemplo: por que no hemisfério sul há pessoas com tons de pele mais escuro? Porque há que considerar que em um dado momento a adaptação às intensas radiações solares no ponto abaixo da linha do equador desencadeou uma produção acentuada de melanina nesses grupos, essencial para a nossa sobrevivência em climas mais ensolarados, o que nada mais foi do que uma grande adaptação biológica nos seres humanos dessas populações. Por essa mesma razão, em maior ou em menor grau, pessoas que moram no Brasil são mais claras do que as que moram no Congo, já que aquela região africana é extremamente quente e seca e registra índices de radiação ultravioleta altíssimos. Portanto, fica muito claro por essas observações que a distribuição geográfica da cor da pele é diretamente relacionada à intensidade da radiação solar, assim como outras adaptações morfológicas também o são.
Agora, imagine a complexidade a que estamos submetidos, considerando que a cor da pele é apenas um exemplo dentre milhares possíveis que explicam o fato de nós, seres humanos, sermos tão diferentes entre nós mesmos. Poderíamos citar características que acreditamos por mero desconhecimento terem sido bem mais importantes do ponto de vista estético do que necessárias à adaptação genética. Enfim, cor dos olhos, densidade capilar e de pelos através do corpo, estética do nariz, tamanho dos ouvidos, formato e tamanho da cabeça, cor, forma e preenchimento labial, tipo de tronco e sua proporção em relação ao corpo, são todas características que estão superficialmente ligadas a padrões estéticos, mas que foram, naturalmente, imprescindíveis à continuação da nossa espécie em algum momento da nossa seleção biológica por quaisquer motivos que desconhecemos.
Conclusivamente, hoje se sabe que somos feios ou bonitos porque somos muito diferentes e somos muito diferentes porque temos que considerar que há milhões de anos atrás esses grupos foram sendo selecionados biologicamente dentro de suas populações e, somente há alguns poucos milhares de anos atrás, começaram a interagir entre si, do que se depreende que esses novos cruzamentos entre pessoas muitíssimo diferentes deram origem a novas características morfológicas ou predominância de umas em relação às outras, ou até mesmo, mistura, e como os cruzamentos e as possibilidades são infinitas, nesse caso, a diversidade de faces e tipos corpóreos também o são.
É mesmo tremendamente curioso como não pensamos em coisas muito óbvias, como a razão de possuirmos impressões digitais, por exemplo. A conclusão é que se elas não compusessem a estrutura da nossa pele gordurosa, esta então seria lisa e, obviamente, não teríamos a aderência necessária para segurar objetos mais complexos, isso não inviabilizaria a nossa sobrevivência, mas de certo obrigaria a nossa pele a ser mais grossa e, portanto, menos sensível ao tato, sentido fundamental. Por isso, essa pode ter sido uma característica que evoluiu gradativamente com a inteligência do homem, quando este passou a usar ferramentas. As digitais são uma característica morfológica tão estupenda que são formadas no sexto mês de vida uterina por movimentos peculiares a cada bebê e por isso, elas são únicas, ninguém as têm iguais as de outro ser humano, nem mesmo gêmeos.
Por fim, adotando essa linha de raciocínio, fica fácil perceber e entender o fenômeno da beleza e seu padrão. Decorre do fato de que o hemisfério norte, por razões históricas, geográficas e antropológicas, se desenvolveu muito mais do que o hemisfério sul, e por lá se verifica a clara predominância de pessoas mais altas e claras, inclusive nos tons de cabelos e olhos, o que originou um padrão nesse sentido, considerando ainda que por serem mais ricos e em maior quantidade, esses grupos dominantes foram os últimos a permitirem socialmente os cruzamentos de suas populações com as menos favorecidas, do sul.
Repare que para nós ocidentais, os chineses são horríveis. O mesmo deve acontecer para eles com relação a nós. Isso se deve unicamente ao fato de que ainda não tivemos relações biomorfológicas suficientes para criar um terceiro grupo, oriundo desses dois tipos humanos.
Há ainda outra coisa que não foi abordada nesse texto por razões óbvias: as deficiências morfológicas ou malformações. Trocando em miúdos, gente que é tida como feia porque têm problemas físicos de nascença ou que teve doenças que originaram defeitos físicos fora dos padrões genéticos (não estéticos) e biomorfológicos a que estamos acostumados. Obviamente, essas pessoas têm problemas, síndromes, doenças, e portanto, não podem e nem devem ser caracterizadas como feias, numa abordagem mais simplista.
Então, a partir de agora, quando vir alguém que ache bonito, por favor, não pense que essa pessoa foi favorecida por qualquer fenômeno como a proporção divina, ou por seja lá o que acredite, imagine antes que ela teve a sorte de ser vitimada por um acidente social que culminou com o seu nascimento dotado de um biótipo com predominância de aspecto adequado ao padrão, dentre os que se impuseram pela maioria.
E você aí, está se achando muito bonito!?
Acorda: beleza ainda é somente um ponto de vista!





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