PUBLICADO EM SOCIEDADE POR DANIELA MONTEIRO TORRES
"O machismo é o medo dos homens das mulheres sem medo" Eduardo Galeano
Recentemente um episódio menos feliz fez me ferver o
sangue, afiar a língua e confrontar um colega sobre a sua
atitude. Lamentavelmente o machismo no meio laborar
ainda tem um papel predominante nas relações entre
companheiros de trabalho. Na verdade o problema é o
machismo em geral, na sociedade e na nossa vida.
Sou feminista, não escondo e serei até morrer! Para mim
não tem sentido ser mulher e não ser feminista, não
defender com unhas e dentes o meu gênero; nem que seja
porque sofremos as “passas do Algarve” durante séculos, e
ainda hoje somos discriminadas e não temos nem os
mesmos direitos, nem as mesmas oportunidades que os
homens.
Às vezes quase tanto como um homem machista, irritam-me
as mulheres que se põem do lado deles e acham que
estamos a exagerar. Acham que rir de uma piada machista,
porque era “só uma piada” não é ser permissiva e
benevolente com uma atitude de desrespeito para com a
mulher.
No momento em que um homem, colega de trabalho ou seja
quem for, me diz uma expressão pejorativa que diminui ou
denigre a imagem das mulheres; eu não posso rir e fingir
que estou de acordo. Não é porque a sociedade fez com
que culturalmente se aceitasse falar das mulheres de forma
ofensiva desde sempre, que eu vou ouvir e calar. Não vou!
A ausência de igualdade no meio laborar causa-me
náuseas. O facto de eles ganharem mais do que nós, muitas
vezes tendo menos habilitações e estando menos
qualificados, só por serem homens, dáme voltas ao
estômago.
Por vezes nem temos a oportunidade de nos candidatarmos a um determinado posto, porque automaticamente só
procuram homens. Conheço casos de mulheres, que não
querem trabalhar com homens na mesma equipa, porque
sabem que eles terão um salário superior, com menos
tempo de serviço e menos experiência. A situação devia ser
preocupante, já que não há dúvidas que é visivelmente
discriminatória
Também a questão da gravidez, é ainda hoje, um dos
‘calcanhares de Aquiles’ das grandes empresas, geridas por
homens que se esquecem de onde vieram e menosprezam
a conciliação da vida laboral com a vida materna.
As mulheres continuam a ser assediadas na rua, nos
transportes, no trabalho; continuam a ser vistas como o sexo
fraco, frágil e débil e os homens continuam a achar que têm
o direito de fazer piadas e comentários sobre as mulheres,
porque é socialmente aceite e todos acham normal.
Se numa reunião de trabalho, um homem faz uma piada
sobre mulheres, todos riem; se alguma mulher faz uma
piada sobre homens, todos ficam parados a olhar.
Lamento sinceramente que ainda haja tanta mulher a achar
normal um tipo de trato machista, que aceitam, porque
sempre foi assim.
O que sempre foi assim também se muda. Só depende de
nós!
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